segunda-feira, 16 de julho de 2012



A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Autor: Professor Marco Antonio Bottene

Prezados alunos e leitores do Blog, este pequeno artigo é  parte de um trabalho realizado para a Universidad Del Mar (Chile) como atividade de Mestrado em Ciências da Educação realizado por este professor. Atendendo às solicitações de vários acadêmicos que pediram para se aprofundar um pouco mais no assunto, transcrevi esta parte para facilitar o aprendizado.

Um abraço do Professor Marco Antonio.


1 A COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES HUMANAS


          Nosso planeta, hoje economicamente globalizado, está repleto de incertezas. A sociedade de nosso século caracteriza-se por metaformoses frenéticas, com uma avançada integração das mídias e repleta de mudanças, seja por uma nova geopolítica ou por novas culturas que se integralizam cada vez mais com os nossos hábitos de vida. É dentro deste contexto que a importância da comunicação nas relações humanas tem ampliado a sua importância social entre os homens. Só terão espaço neste mercado de extrema competitividade homens e empresas que aprenderem a se comunicar com eficácia, de forma integrada, adicionando forças e produzindo o “saber fazer”em seu meio. A competição extrema entre as empresas exige que a comunicação evolua na mesma velocidade do desenvolvimento empreendedor para que esta se transforme também num processo inovador para nortear os objetivos.


          A origem etimológica da comunicação vem do latim “communis” , que significa comum. A ideia nos transcende a comunhão, comunidade, mas cabe-nos relatar também que procede a ideia de processo, e como tal, apresenta contínua transformação temporal (MARQUES DE MELO 1975).


          Segundo Penteado (1997)  a comunicação somente se procede quando existe a interação de dois ou mais indivíduos, a simples transmissão unilateral não promove a comunicação. Quando nos comunicamos compartilhamos alguma coisa com alguém ou para alguém, conhecemos e ficamos conhecidos. Neste processo vive-se em relação, tornamo-nos dependentes, e muito, de nossos relacionamentos. Cada pessoa vê o mundo de sua própria maneira, produzindo significados próprios das diversas situações e, ao expressá-los, mostra alguma coisa de sua personalidade, desta forma os signos decodificados por cada ser humano são desfigurados, enriquecidos ou enobrecidos utilizando de seu canal de comunicação. A linguagem é uma ferramenta fundamental para que esse processo interativo se concretize, pois os significados que damos aos signos atribuem sentido à vida. Por este motivo é que precisamos do “feedback[1] constante para que as interações sociais possam ser compreendidas. O resultado da comunicação pode ser ou não o pretendido pelo emissor, se for o que ele pretendia houve uma comunicação eficaz. A troca de comunicação possibilita que o emissor e o receptor atuem sempre de maneira simultânea.


          Todavia, uma mensagem tem características pessoais e os significados a ela atribuídos têm um fator de correspondência tanto do emissor quanto do receptor e do contexto de como esta sociedade está em relação ao seu nível de interação.


1.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO


          A comunicação interage em tudo aquilo que compartilhamos com o outro, sentimentos, ideias, emoções e mensagens, podendo, desta forma, influenciar e, em muitos casos, até alterar o comportamento do ser humano, que reagirão partindo de sua visão de mundo, experiências, culturas, valores éticos e morais, crenças e história de vida.

          Segundo Weiss (2012, p. 23) a comunicação pode ser:


- Formal, é uma transferência oficial feita através de diálogo que existem no organograma de uma empresa e ou instituição. Neste caso, é feita por escrito e devidamente documentada através de correspondências ou formulários.

- Informal, é desenvolvida espontaneamente fora dos padrões oficiais estabelecidos pelo organograma de uma empresa ou instituição. Este tipo de comunicação conduz a mensagens que não são relativas às atividades profissionais.
- Unilateral, é quando o receptor da mensagem é passivo. Neste tipo de comunicação normalmente o emissor transmite uma comunicação a um grande número de receptores, como numa transmissão de rádio ou televisão.

- Bilateral, exige reciprocidade entre o emissor e o receptor, possibilitando uma troca de informações entre ambos. Neste tipo de comunicação pode haver a possibilidade uma troca no papel do emissor e do receptor.

- Direta, é quando está muito claro tanto para o emissor quanto para o receptor a que se quer fazer em comum.

- Indireta, neste caso um dos agentes da comunicação tem como definido o que se pretende, embora o outro não o esteja. Pode haver persuasão, onde tanto o emissor quanto o receptor podem sofrer influências no pensamento do outro sem que este o perceba.


1.2  CANAIS DE COMUNICAÇÃO

          Segundo Penteado (1997) qualquer meio por onde a mensagem pode circular é um canal de comunicação. Pode-se elencar como exemplos: jornal, revista, rádio, folder, uma garrafa encontrada num oceano com alguma mensagem escrita dentro dela e até mesmo o próprio ar podem ser canais de comunicação.


1.3 CÓDIGO

          O código é o meio por onde a mensagem é transmitida, isto é através da escrita, de gestos corporais, da fala, da música ou das imagens. Pode-se dizer que código é um conjunto de elementos que têm significados e são aceitos pelo emissor e pelo receptor.

1.4 RUÍDOS DE COMUNICAÇÃO

          Segundo Rudiger (1998) apud Weiss (2012) durante o processo de transmissão de uma comunicação podem aparecer interferências não pretendidas pela fonte emissora ou receptora, criando fatores que distorcem a real intenção da mensagem, a esse processo dá-se o nome de ruído de comunicação.
          Diversos fatores podem colaborar para o surgimento de um ruído de comunicação, como por exemplo: falar muito baixo, provocar equívocos de codificação, nervosismo, se faltar com a devida atenção. Até mesmo a falta de energia elétrica pode causar ruído de comunicação, caso o canal de comunicação seja um televisor ou um computador.


2     A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
2.1 DEFINIÇÃO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL


          De acordo com o ponto de vista de Pimenta (2004) apud Tomasi (2010):

“pode-se definir a comunicação empresarial como sendo o somatório de todas as atividades de comunicação da empresa. É uma atividade multidisciplinar que envolve métodos e técnicas de relações públicas, jornalismo, assessoria de imprensa, lobby, propaganda, promoções, pesquisa e desenvolvimento, endomarketing[2] e marketing”.


          A comunicação empresarial é uma atividade holística, dentro de um processo sistêmico, ou seja, assume uma atividade contínua. Esta atividade não está disposta a exercer um papel passivo, nem para resolver problemas momentâneos ou para apagar incêndios[3], não estar vinculada a conexões individuais. Deve estar conectada de maneira sistêmica aos altos escalões da empresa através de sistemas implantados que contribuam para soluções globais na empresa como um todo abrangendo as funções táticas e operacionais.


          Segundo Nassar e Figueiredo (2006, p.20) apud (Tomasi (2010, p.57):


“A comunicação empresarial é uma verdadeira guerra com muitas frentes de batalha: a frente de batalha voltada para mostrar que a empresa tem uma função de respeito com a natureza, visando, sobretudo a sua preservação (se você quiser pode chamar  de frente de batalha ecológica); a frente de batalha para manter e conquistar novos consumidores; a frente de batalha da comunicação interna, dirigida para os imensos exércitos de trabalhadores engravatados e de uniformes que constituem os recursos humanos das empresas modernas; a frente de batalha das complicadas relações da empresa com os governos e os políticos ou seja, o lobby[4] empresarial. E a grande frente de batalha da propaganda e da promoção de produto”.



           Ainda utilizando-se dessa metáfora, pode-se acrescentar que as empresas, com tantas frentes de batalha para enfrentar e vencer, muitas vezes não vencendo, tais como, qualidade de seus produtos, consumidores, fornecedores, preservação do meio ambiente, segurança e saúde do trabalhador, relação com a sociedade, governo e com o terceiro setor, não estão aptas ainda a criar uma cisão com os seus principais parceiros, os trabalhadores, principalmente quando estes, organizados ou não em sindicatos, promovem a reinvidicação que envolvem cláusulas em acordos ou dissídios trabalhistas. Questões estas que se mal resolvidas através de uma comunicação ineficaz vazam para sociedade e provocam uma imagem negativa da empresa dentro da sociedade.          


          O abismo da comunicação empresarial eficiente deixado pelas empresas que não tratam de maneira profissional suas crises internas é ocupado pela comunicação profissional dos sindicatos e das centrais sindicais. Isso significa um profundo dano para a imagem da empresa e para os seus dirigentes. Internamente significa uma perda irreparável nos aspectos que envolvem sua credibilidade.


          É de fundamental importância que a empresa crie em sua comunicação empresarial a ouvidoria através do ombudsman[5], um representante do consumidor dentro da empresa. Sem esse agente, é necessário criar um departamento e treinar pessoas para atender os consumidores. Já não basta vende ou fazer negócios nos dias de hoje, é necessário promover a satisfação total do cliente. O consumidor, tanto interno quanto externo, não simplesmente um comprador de produtos ou serviços da empresa, mas um se humano pensante que tem valores éticos e princípios morais que devem ser entendidos e respeitados pela comunicação da empresa.


          A comunicação empresarial deve estar atenta não só com seus consumidores, mas também com o público externo e interno formadores de opinião, intelectuais, imprensa, comunidade acadêmica, com a ética política e com as entidades do terceiro setor.
          Hoje cada vez mais pessoas estão interessadas em saber se determinado projeto empresarial impacta no meio ambiente e até que ponto isso pode ser um fator prejudicial para toda a sociedade. Outra importante consideração é saber se os recursos naturais não serão afetados pelo lixo industrial e a que nível de toxidade. Enfim a comunicação empresarial não pode mais servir apenas para apagar incêndios, ela precisa estar presente em todas as ações administrativas e sociais se se quiser que um empreendimento colha frutos produtivos e de boa qualidade.


          A comunicação empresarial precisa mostrar à toda sociedade que empresa está trabalhando de maneira politicamente correta, ou seja, que sua atividade esta sendo exercida dentro de uma total transparência e de forma ética e sustentável. Cabe ainda destacar que por transparência entende-se que a qualquer momento qualquer pessoa que esteja inserida dentro do contexto geopolítico desta empresa possa ter acesso e entender o processo sustentatório e econômico do projeto.


REFERÊNCIAS



MARQUE DE MELO, José. Comunicação social:teoria e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1975.
PENTEADO, J. R. W. A técnica da comunicação humana. São Paulo: Pioneira, 1997


TOMASI, Camila;  MEDEIROS, João Bosco. Comunicação empresarial. São Paulo:Atlas, 2010.

VIEIRA, A. Comunicação Social: etiqueta e ética nos negócios. São Paulo: SENAC, 2007.
WEISS, C. S; TAFNER, E. P; LORENZI, M. B. Comunicação e expressão. Indaial: Uniasselvi, 2012





































[1]
Feedback – palavra de origem inglesa que significa retorno de informação ou  avaliação dos resultados da transmissão de umacomunicação.
[2]
Endomarketing – É o Marketing voltado para dentro da própria empresa ou organização.

[3]
Apagar incêndios – Termo utilizado no jargão empresarial que significa resolver temporariamente um problema, ou amenizar uma situação, não solucionando em definitivo a mesma..
[4]
Lobby – palavra de origem inglesa que significa um grupo empresarial com interesses especiais em um determinado setor.
[5]
Ombudsman – ouvidoria.



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