segunda-feira, 24 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO BUROCRÁTICA E EDUCAÇÃO TRANFORMACIONAL


Autor: Prof°. Ms. Marco Antono Bottene


       No início do Século XIX Charles Fourier, ao fazer uma análise crítica sobre o processo de industrialização nessa época, denunciava a obsolescência artificial, que já estava perceptível, nos processos de fabricação. A liderança burocrática e rotineira era medíocre, produzem-se móveis ruins, tecidos péssimos e  artigos descartáveis para vende-se o máximo possível. Hoje todos sabemos que a obsolescência artificial atinge seu máximo. As mercadorias são produzidas para responder ao gosto do consumidor, gosto que é provocado e orientado por uma publicidade concebida cientificamente por psicossociólogos.
          Ao fazer uma analogia com Fourier, destaco que nas três últimas décadas do Século XX, pode-se perceber no Brasil uma grande obsolescência educacional, que se estende até os dias de hoje. Escolas com ensino ruim, faculdades ruins e universidades péssimas, todas voltadas para um sistema fordista  educacional e com seus alicerces embasados na liderança burocrática. Acreditam eles que para se educar as massas deve-se abrir mão da qualidade, já que o sistema neoliberal preocupa-se com lucro, a priori, postergando para um segundo plano a formação erudita e intelectual, já que nesse sistema deve-se formar bons consumidores e não seres pensantes, aja visto o último lançamento da Apple, onde cinco milhões de pessoas correram para comprar um novo produto. É isso que queremos formar em nossa sociedade?
          O professor que deseja ser líder transformacional deve colocar o aluno no centro da escola e do sistema educativo, o problema é que nem sempre estamos diante da mesma definição de aluno, o que seria para nós o ideal, pois muitos deles sofrem esse distúrbio social da formação neoliberal do consumo e se tornam resistentes as mudanças intelectuais e educacionais. Tem-se portanto, a maior dificuldade na aplicação dessas instruções.
          Vejo também um grande abismo ao tentar adaptar aos alunos, dentro do perfil transformacional, por exemplo, a maior parte do  material científico,  ainda vem traduzido em manuais burocráticos, onde dão a impressão de aquilo que dizemos é a verdade definitiva e absoluta, pois foi nesse cenário que eles aprenderam em tempos anteriores. Há a necessidade de um trabalho sistêmico e de muita perspicácia por parte do professor transformacional em poder aplicar esse novo paradigma.
          É extremamente simples elencar um quadro comparativo  com as diferenças entre os líderes burocráticos e transformacionais, no entanto, colocar em prática o segundo em detrimento do primeiro é de um alto grau de complexidade, porém não impossível.
          O líder transformacional deve exercer um papel de formação do espírito crítico, é o de desenvolver obstáculos à formação de ideais de liderança burocrática. Na formação do espírito crítico, a primeira ideia é a da experiência primordial, que é a experiência colocada antes e acima da crítica, que ela necessariamente, é um elemento integrante desse espírito crítico. O despertar do espírito crítico, através da liderança transformacional, é uma das principais finalidades da educação: não se trata de acumular conhecimentos, mas sim de formar capacidade de julgar. O aluno, através de seu mentor transformacional, deve separar o verdadeiro do falso, ele deve aprender a evitar o erro, a desafiar a credulidade, a evitar julgamentos precipitados, a não afirmar nada até que tenha reconhecido alguma legitimidade racional.
 
REFERÊNCIAS:
 
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MORIN, Edgar. A religação dos saberes: O desafio do século XXI.Rio de Janeiro: Bertrand, 2002.
SANCHO, Juana, M. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegra: Artmed, 1998.
 
Contato com o autor: romacambio@terra.com.br
 
 
                                                                Charles Fourier
 
 
                    Prof°. Marco Antonio Bottene em sala de Aula na UNIASSELVI/AUPEX com alunas do curso de Administração.
 
 
 
 


 


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