segunda-feira, 23 de abril de 2012





Pierre Bourdieu, o investigador da desigualdade.
O sociólogo francês detectou mecanismos de conservação e reprodução em todas as áreas da atividade humana, entre elas, o sistema educacional.
Embora a maioria dos grandes pensadores da educação
tenha desenvolvido suas teorias com base numa visão crítica da escola, somente
na segunda metade do século 20 surgiram questionamentos bem fundamentados sobre
a neutralidade da instituição. Até ali a instrução era vista como um meio de
elevação cultural mais ou menos à parte das tensões sociais. O francês Pierre
Bourdieu (1930-2002) empreendeu uma investigação sociológica do conhecimento
que detectou um jogo de dominação e reprodução de valores.

Suas pesquisas exerceram forte influência nos ambientes pedagógicos nas décadas
de 1970 e 1980. "Desde então, as teorias de reprodução foram criticadas
por exagerar a visão pessimista sobre a escola", diz Cláudio Martins
Nogueira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. "Vários
autores passaram a mostrar que nem sempre as desigualdades sociais se
reproduzem completamente na sala de aula." Na essência, contudo, as
conclusões de Bourdieu não foram contestadas.

Na mesma época em que as restrições a sua obra acadêmica se tornaram mais
frequentes, a figura pública do sociólogo ganhou notoriedade pelas críticas à
mídia, aos governos de esquerda da Europa e à globalização. Ele costuma ser
incluído na tradição francesa do intelectual público e combativo, a exemplo do
escritor Émile Zola (1840-1902) e do filósofo Jean Paul Sartre (1905-1980).




Nenhum comentário:

Postar um comentário